segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Breves notas acerca do Real Madrid

Tenho sentimentos contraditórios ao analisar os receios na blogosfera e jornais em relação à continuidade de Mourinho no Real Madrid.

1 - Por um lado, estamos a falar de um clube que é muito difícil de treinar, com um historial recente muito conturbado, independentemente do capital disponível para investimento - esta visão é praticamente unânime. Exigir o sucesso total e imediato, ainda para mais tendo como adversário directo uma equipa como o Barcelona, parece-me um absurdo.

2 - No entanto, assistir ao jogo de ontem foi quase tão doloroso como assistir a um jogo do Sporting - uma equipa trapalhona, sem ideias, sem capacidade de construir uma jogada que fosse, tendo como únicas aproximações à baliza adversária remates desesperados de fora da área, cada vez mais absurdos à medida que o cronómetro se aproximava dos 90, período no qual a estratégia de jogo directo - Casillas-Adebayor - levou os espectadores para um futebol do século passado, seguramente hilariante para os adeptos blaugrana. Se a isto se juntar a conturbada contratação do Adebayor, que no fundo nos suscita a todos, presumo, o receio de ter sido tanto barulho por um nabo, não é de todo de estranhar as presentes dúvidas em relação à continuidade de Mourinho.
Em Maio do ano passado, escrevi no saudoso Monos da Bola que "Mourinho, por sua vez, vai entrar numa trituradora de treinadores que supera o Benfica. Terá de ganhar à primeira, será provocado em todos os campos de Espanha e provavelmente nunca o futebol vizinho quis tanto ver alguém a falhar."

Mourinho não está realmente a ter vida fácil no Real. O desempenho na Liga Espanhola até pode ser considerado bom mas apenas para quem não considera o comparativo com o Barcelona como única unidade de medida possível. É verdade que não parece justo pedir-se em meses que se transforme uma amálgama de jogadores num produto acabado à altura de uma super-equipa que não perde pontos e joga muito - talvez a maior máquina de futebol a que assisti na minha vida. Mas é o próprio Mourinho que coloca a fasquia aí. Os dirigentes e os adeptos levam à letra a sua extraordinária confiança e qualquer coisa abaixo de um grande sucesso é um fracasso.

Quando chegou a Espanha, Mourinho "empurrou" para a segunda época a candidatura mais séria à Liga Espanhola. No entanto, o que se parece ter ouvido no país vizinho (e por todo o Mundo) foi a promessa de sucesso imediato. Agora, parece que não vamos ter a oportunidade de descobrir como seria realmente a segunda temporada do português no Real...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

do futebol e da irracionalidade

Não há mercado (nem desporto) que envolva tanto dinheiro quanto o futebol e que seja baseado em tanta irracionalidade como a que se vê por estas bandas.
Não espanta pois que Jean-Paul Lares, d'O Jogo, suposto especialista no futebol teça os melhores elogios ao Paulo Sérgio, como foi salientado no Bancada Nova. Paulo Sérgio é o paradigma do treinador incompetente mas que, por se achar que é frontal ou sério ou la o que é, serve.
Tamanha subjectividade em relação a este assunto é encontrada em diversas camadas da sociedade, mesmo em pessoas cuja vida profissional é pautada por constantes decisões racionais - cientistas, engenheiros, contabilistas - que quando se debruçam sobre futebol parecem estupidificar (como o médico patologista que acredita no Céu).
E tudo isto tem mais verdade em tempos agitados - que nem a relação entre homem e religião.

Era preciso estar em Inglaterra para se assistir ao acto de fé em torno de Alan Shearer ano e meio atrás, quando assumiu o cargo de treinador do Newcastle a oito jornadas para o fim na tentativa vã de evitar a descida de divisão. Jornada após jornada, enquanto o Newcastle mostrava não sair da cepa torta, praticando um futebol do mais abjecto que possa haver, era opinião geral (jornalistas e opinadores profissionais) que Shearer era o the right man for the job, o único capaz de fazer com que aqueles jogadores deixassem de parecer idiotas em campo e ganhassem pelo menos um par de jogos. Chegou-se ao cumulo de se considerar injusta a descida de divisão do clube, tendo em conta não só a sua historia mas também os esforços feitos no sentido de se a evitar, não incluindo na equação o que é preciso fazer para que uma equipa jogue bem e ganhe.
Com apenas uma ou outra excepção na comunicação social - e acompanhei de perto esse percurso - não se questionou a competência de um homem que, não tendo experiência previa de treinador e sem nunca ter partilhado publicamente as suas ideias em relação a modelos de jogo, se exceptuarmos as banalidades do costume que debita ao analisar a posteriori jogadas na Sky Sports, em oito jogos ganhou apenas um e perdeu cinco, tendo portanto feito uma merdia de 0.62 pontos/jornada (até a sua chegada o Newcastle tinha uma média de 1.00 ponto/jornada). Mas mesmo isso não modificou a opinião geral que se alguém tinha a capacidade de salvar o clube, esse alguém era o Alan Shearer.

Longe vão os tempos em que o futebol era uma questão de força, talento individual e motivação. Mas quantos anos vamos precisar para que os adeptos compreendam isso e deixem de dizer, por exemplo, que aquilo de que o Sporting precisa é de Sá Pintos, Costinhas e um ou dois extremos?

Porto Benfica na Taça

As duas melhores equipas actualmente em Portugal defrontam-se na próxima semana num jogo a eliminar.
Normalmente isto seriam apenas boas notícias.
Neste caso, as primeiras ideias que me ocorrem são o que fará a claque do Porto desta vez para intimidar a equipa do Benfica. Se estão a tentar que o Estádio do Dragão seja interdito, vão ter que se aplicar a fundo. É que já se percebeu que, para a Liga, apedrejar o autocarro do adversário em plena autoestrada e agredir o seu guarda-redes durante o jogo com objectos vindos da bancada não chega.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Normal, a definição

Há um ano era um escândalo, este ano é normal. Faz-me lembrar a mudança de estádio do Gil Vicente ou do Salgueiros inclusive contra o Porto, na altura era normal. O Estoril (equipa que perdeu quase todos os jogos em casa) muda de estádio contra o Benfica, é um escândalo.
O Benfica faz um golo em fora de jogo, é capa de jornal a palavra ilegal. O Porto acumula casos de arbitragem é normal.
O Benfica raramente ganha um título, mas é levado ao colo e domina arbitragem. O Porto, envolvido em Apitos Dourados, Calheiros e afins, ganha títulos a torto e a direito... mas com normalidade.

Não entendo, mas para que saibam, acho tudo isto normal.

As grandes penalidades

Nunca percebi exactamente qual é a "filosofia" dos portugueses em relação às grandes penalidades. Queremos que na dúvida sejam marcadas ou que não sejam marcadas? É que se o jogo do Rio Ave com o Benfica de ontem mostra alguma coisa é que há dúvidas de todas as formas e feitios. O tribunal d'O Jogo de hoje parece também muito confuso com os vários lances.

Na lógica de haver mais golos e limitar o contacto dentro da zona de decisão, poderia-se argumentar a favor de marcar se existem o mínimo de indícios sólidos de que há falta passível de pontapé-livre directo cometida dentro da área. No entanto, fico sempre com a ideia de que este é um tipo de golos que ninguém realmente gosta. Que impacta o resultado final mas que do ponto de vista "moral" não conta.
A não ser quando é claríssimo.
A não ser quando decide um jogo complicado para a nossa equipa.
A não ser quando é contra um rival.
A não ser...

Os vários penalties de ontem tiraram-me o gozo do jogo - que, quando vejo o resumo, até teve boas jogadas, sobretudo do Benfica. Creio que terão sido marcados uns indevidamente e que outros correctos ficaram por assinalar. Foi tanta dúvida nas àreas que nem percebo se alguma equipa terá sido prejudicada com a arbitragem - mas gostava de ler comentários a este propósito.

Certo é que agora temos um Porto Benfica a eliminar na próxima semana e pobre do árbitro se tiver este número de situações nas áreas - será virtualmente impossível recuperar a honra da mãe e a nuvem de ameaça física durante bastante tempo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sporting e as contratações

É impressão minha ou aos poucos as contratações do Sporting parecem ir mostrando a sua razão de ser?
Depois de demorar um pouco a encontrar o seu lugar, Valdés parece já ter convencido os adeptos sportinguistas.
Evaldo pegou de início, sem grande brilho, mas pegou.
Salomão é daqueles jogadores que gostamos de ver aparecer. Português, jovem (embora tenha aparecido tarde), cheio de genica... Meio na brincadeira e usando o ímpeto jornalístico de pôr rótulos, chamar-lhe-ia o Pedrito (Barcelona) do Sporting.
Nestes dois últimos jogos tem sido a vez de Zapater. Verdade que qualquer jogador pode ter um par de momentos efémeros de glória e depois eclipsar-se(Pinilla, onde estás?). Mas os sinais parecem ser positivos. A rever...
Maniche vai descobrir em breve se tem lugar cativo na relva ou se o espanhol lhe renova a cadeira no banco para mais alguns jogos.

É verdade que nem tudo é perfeito. Timo continua a descansar sob a sombra desengonçada do indiscutível Patrício - para desespero de alguns adeptos verdes e brancos. Nuno André Coelho começou a titular mas depois de Paulo Sério decidir que não queria jogar em kick and (no) rush, acabou por ser posto a estagiar em casca de Carvalho - vamos ver se é para ficar para vintage. Torsiglieri já apareceu aqui e ali na equipa mas ainda sem grande regularidade e o público português vai ter que esperar para ver se confirma reputação de quebra-ossos.

A grande dúvida é: se chegarmos à conclusão que a politica de contratações teve algum mérito, será que vamos passar a falar de Costinha por algo que não sejam problemas internos do clube e escolhas ousadas de guarda-roupa?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Aviso a JJ

O Benfica não é o Estrela da Amadora, nem o Felgueiras, nem o FC Porto.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Louca II Liga

Chegou ao fim a primeira volta da II Liga e o Trofense é o campeão de Inverno. Parabéns Trofense!

A verdade é que, quando arrancámos para esta jornada, ninguém fazia a menor ideia de quem ia agarrar este lugar. A Oliveirense tinha chegado à primeira posição na jornada anterior, ultrapassando o bravo Feirense que lá esteve durante três, depois de ter conquistado esta classificação ao Arouca que reinou durante outras duas... Os 3 primeiros perderam pontos e o Trofense voltou ao lugar que ocupou à 8ª jornada.

Entretanto, o Gil Vicente estava em sétimo, ganhou 3 jogos seguidos e já apanhou Feirense e Arouca, estando a um ponto da Oliveirense e dois do líder.
Ainda há um par de jornadas, o penúltimo classificado da II Liga, estava a oito pontos do primeiro, os mesmos que separam Porto e Benfica!! Neste momento, só há 3 equipas separadas dos mais próximos na classificação por mais de 1 ponto.

Para quem gosta de incerteza no resultado, alternância na classificação e jogo intenso do ponto de vista físico, há uma alternativa à Liga Inglesa: chama-se II Liga de Portugal e está de cabeça perdida, no melhor dos sentidos. Qualquer equipa que ganhe 3 ou 4 jogos seguidos pode muito bem passar da linha de água para o pódio. Certo que não vão por lá encontrar o Nani, mas têm o Rui Pedro do Leixões, não há Drogba nem Torres mas há Roberto no Feirense e Bock (esse clássico) no Freamunde, o Fabregas também não consta mas está o Nildo do Trofense... Não conhecem nenhum destes jogadores? Mais uma razão para espreitar um dos jogos da Sportv à quinta-feira à noite ou sábado de manhã. Se puder, melhor ainda visitar ao vivo, onde podem usufruir do ambiente genuíno do futebol português - menos a cerveja e o tinto que a Liga não deixa.

Duas recomendações para a próxima jornada, ainda sem saber se passam na tv: Trofense-Gil Vicente (líder contra equipa em melhor forma), Aves-Belenses (duas equipas em ascensão na tabela).

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

o Hélder

Lembro-me de há um par de anos por em causa o valor de jogadores que no curso de uma carreira não conseguiram manter a qualidade exibicional que define o valor de um atleta. Não pode ser obra do acaso que Luis Figo chegou onde chegou enquanto Gil, jogador-estrela da mesma equipa dourada de 89-91, caiu no profundo esquecimento, excepto para aqueles com quem trabalhou a partir do final da década de noventa na telepizza de Agueda.
De resto, é essa uma das tarefas mais difíceis dos olheiros. O talento e a inteligencia de um jogador não são caracteristicas obscuras; a capacidade de concentração, a ambição e a substancia podem ser.
A discussão que tais pensamentos fez brotar prendia-se com o Hugo Viana - e dificilmente existira melhor exemplo que o Hugo para reflectir acerca da inconstância.
Acompanhei o seu percurso com muito entusiasmo desde o primeiro dia em que jogou na equipa sénior do Sporting, ano em que os olhos estavam postos em Cristiano Ronaldo, impondo-se como (improvável) titular indiscutivel (ao contrario do outro). Inteligencia, qualidade de passe, visão de jogo e capacidade de concentração faziam dele um jogador que parecia ter pelo menos 27 anos. Todos auguraram um futuro brilhante e o sucessor de Rui Costa na Selecção estava encontrado.
Hugo mantém as mesmas caracteristicas hoje em dia, mas parece sofrer de uma fragilidade qualquer (emocional?) que o torna de facto algo inconstante, como se nem todos os dias gostasse de jogar a bola. Menosprezei o seu insucesso no estrangeiro (mesmo tendo sido orientado pelo Robson), mas quando regressou ao Sporting fez um percurso que diria ser revelador: nos primeiros 10 jogos errava ate os mais simples passes, não compensava posicionalmente os companheiros, pouco fulgor generalizado. Foi como se tivesse deprimido. Mas aos poucos foi-se encontrando consigo mesmo que nem um haitiano a recuperar da caganeira e acabou por fazer um bom campeonato; um magnifico golo contra o Benfica - cereja no topo do bolo.
Foi quando regressou ao Braga, depois de mais um silencio valenciano, que os do Entre10 vaticinaram o passado de Hugo como mais um grande jogador prejudicado por maus treinadores, lesões, ou la o que é. é bom elogiar um jogador quando se encontra num bom momento de forma mas estou convencido de que a Viana lhe falte um pouco daquilo de que Emilio Peixe tambem carecia.
Um outro bom exemplo é Hélder Postiga. Mas é ele quem contraria a minha reflexão inicial.
Postiga depois de umas excelentes épocas no Porto é vendido ao Tottenham, onde em 19 jogos marca um golo. Sai pela porta pequena e leva com o carimbo "promessa adiada". Mas que aconteceu nesse ano? Foi treinado por Jacques Santini que ao fim de uns quantos jogos se despediu por conflitos com a direcção tendo sido substituído por Martin Jol, que não conseguiu fazer com que o futebol do Tottenham fosse muito diferente do que ainda é hoje em dia - pontapé para a frente e/ou cruzamentos de qualquer parte do terreno, ou seja, um futebol mais ou menos tosco (o seu recente sucesso deve-se mais ao facto do Tottenham ser a equipa europeia com mais internacionais activos nas suas fileiras) no qual Postiga definitivamente não se enquadra. O seu regresso forçado ao Porto, no negócio Postiga/Mendes, coincidiu com um período cinzento (Fernandez e Couceiro), tendo depois sido achincalhado pelo Adriaanse, técnico com o qual simpatizo por ter chegado a incluir a procura de ovos da Páscoa na sua metodologia de treino.
Regressa ao Sporting, Paulo Bento em movimento descendente, de ideias e resultados, e esbarra um pouco na figura de Liedson, que é um fantástico jogador mas determina um certo caos existente nos movimentos ofensivos da equipa. Não é de admirar que se exceptuarmos Derlei - numa meia-época em que o fulgor parecia ser a única arma de arremesso - não nos vem a cabeca outro avançado que tenha feito uma dupla de louvar com o luso-brasileiro, que por sua vez, e talvez paradoxalmente, recusa a ideia de jogar em 433.
Apesar de ter tido treinadores incapazes de por o Sporting a jogar bom futebol (um futebol que se diria moderno, focado na posse de bola e na procura de desequilibrios), Postiga fez umas belissimas partidas, tendo coincidido com os melhores jogos do Sporting dos ultimos anos. A dupla que fez com Saleiro foi do mais agradavel que os sportinguistas nascidos na decada de 90 já viram e aborrece-me que não seja mais explorada.
Claro que para contra-argumentar a ideia de que Postiga é um belissimo jogador de futebol menciona-se a estatistica dos golos. A contra-argumentacao vem da observacao da sua capacidade de finalização - boa -, do numero de oportunidades de que realmente dispõe e da contabilizacao das oportunidades de golo que cria. E' dificil ver Postiga jogar mal - errar passes, receber mal, decidir mal - mesmo no meio de um futebol como o praticado pelo Sporting.
Estou convencido de que, ao contrario de Hugo Viana, Postiga teve realmente azar - um avançado de colectivo que dificilmente se destaca em equipas de pobres processos colectivos. Calhou com os treinadores errados.
O jubilo de alguns (muitos?) sportinguistas com a sua eventual venda, por uns miseráveis 2.5 milhões (Evaldo, banal lateral esquerdo de 30 anos, custou 3), faz sentido. Está coerente com a eleição de um JEB para presidente do Sporting.

Barcelona e Real Madrid super nas apostas

As super equipas é um tema que me interesse e sobre o qual gostaria de escrever em mais detalhe em breve.
Por agora, uma nota para a curiosidade de ter descoberto no site de uma das principais casas de apostas online que no total de todos os campeonatos europeus, Barcelona e Real Madrid são os maiores favoritos a uma vitória nesta jornada. O Barcelona então tem uma odd de 1,05. Baixíssimo!
Já sabíamos que o campeonato espanhol está desequilibrado e que nas últimas duas épocas foram raros os pontos que Barcelona sobretudo mas também o Real Madrid perderam.
As restantes equipas espanholas estarão assim tão fracas? Não creio que seja por aí, embora Valência, Sevilha e Villareal parecem ter perdido alguma chama.
Já que falamos de apostas, Barcelona e Real Madrid são os dois favoritos à conquista da Champions para a mesma casa de apostas - refira-se que normalmente entre as principais não há muitas diferenças nas quotas.
Pelos vistos, pela menos a opinião dos bookmakers, o desequilibro na Liga Espanhola será devido à força dos dois grandes rivais e não tanto da franqueza dos restantes.
Uma nota para que o Benfica surge logo após estes dois monstros, no lote dos terceiros maiores favoritos a vencer nesta jornada, junto com Bayern Munique, Manchester United e Arsenal

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Nem já, nem nunca me demito"

O futebol é um animal especial. Ninguém acha estranho quando se pede a uma pessoa como o Paulo Sérgio para se demitir. Posso estar enganado, mas tenho a convicção que a maioria das pessoas considera Paulo Sérgio um profissional sério e dedicado que se não leva a sua equipa mais longe é mesmo porque não consegue. Paulo Sérgio apresenta sempre uma posição respeitosa e humilde perante as pessoas e a instituição que serve - chegava a levar aqueles bonés amarelos absurdos às flash interview e conferência de imprensa quando estava no Paços, nunca se mostrando acima do ridículo na defesa do clube.
Se estivéssemos a falar de qualquer outra pessoa que não um treinador de futebol, porque motivo haveria alguém de pedir que Paulo Sérgio se demita?
Há uma grande desilusão com o desempenho desportivo do Sporting. Mas será ele o problema? Será que as expectativas estavam adequadas? Será que outro faria melhor? Será que o próprio Paulo Sérgio acha que já esgotou todas as suas ideias para levar o Sporting rumo a um futuro mais risonho?
Com tantas interrogações, fará sentido tomar a decisão extrema de se demitir? E sim, demitir-se é uma decisão extrema. Será que isto tão difícil de entender para os 90% portugueses que estão ou desempregados ou agarrados ao seu posto com a força que podem?

Porque é que não se demitem os professores quando os alunos têm más notas? Porque não se demitem os vendedores quando o produto não escoa? Porque não se demitem os trabalhadores da máquina burocrática do estado quando a papelada se amontoa? Esses empregos são menos ou mais importantes que o de Paulo Sérgio? Não percebo. É porque o Paulo Sérgio ganha mais dinheiro?

Os sportinguistas estão desiludidos com o desempenho dele? É o seu direito. Despeçam-no.

O Rei está morto, viva o Rei

Os jornalistas desportivos são crentes convictos em moldes ou em que os leitores o são.
Ao longo dos anos ouvi muitas vezes falar do novo Maradona. Ortega, Aimar, D'Alessandro, Messi, até Canales...
Pelé também teve direito aos seus clones, como Adu (pobre Adu...), Robinho, e agora Neymar.
Pelo meio, tivemos em França Nasri e Gourcuff como os novos Zidanes e, em Portugal, houve uns anos em que qualquer nº10 que calçasse uma vez pelas escolas do Benfica era equiparado a Rui Costa. Alguém ainda se lembra de Edgar Caseiro?

Agora os moldes de Maradona e Pelé podem começar a preparar a reforma porque os novos reis estão aí. Já ouvi falar de pelo menos uns 3 novos Cristianos Ronaldos, dos quais o mais famoso creio ser Eden Hazard do Lille.
E hoje (o motivo pelo qual me ocorreu este assunto), o Porto é notícia por ter contratado, ou quase, Iturbe, um dos novos Messis.
Se tiverem uns minutos para matar e pesquisarem "novo Pelé", "novo Maradona", "novo Messi", etc, vão ver certamente alguns exemplos interessantes. Um dos quais, que me surgiu a mim, é um artigo do DN, não percebi muito bem de quando, que refere que o Porto estava na peugada de outro novo Messi, Eduardo Salvio. Sim, esse mesmo que marcou ontem pelo Benfica e de quem se diz que poderá seguir o exemplo de Christian Rodriguez e fugir para o Porto após empréstimo na Luz.

O Mundo que se prepare para quando surgir o novo Roberto Phutre

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fomentar camadas jovens

Ontem mais uma bela exibição de David Simão. Quanto a Nelson Oliveira embora não seja titular indiscutível do Paços, o que vi dele em qualquer jogo que entrou faz-me crer que em nada é inferior a Kardecs, Weldons e por aí adiante. De maneira que para fomentar a aposta nas camadas jovens, eu proporia a criação de uma comissão para a inserção de jogadores das camadas jovens nos plantéis seniores. As vantagens desta proposta seriam:
-uma  inacreditável poupança em viagens à América do Sul de directores, técnicos e olheiros;
-as comissões seriam apenas para intervenientes nacionais, não haveria então dispersão para o estrangeiro de dinheiro obtido através de associados maioritariamente portugueses e de Portugal;
-a selecção nacional ganharia a curto-médio-longo prazo maior sustentação e maior base de dados;
-diminuição de número de desempregados - ao dar uma comissão a directores, técnicos e presidentes, os melhores jogadores juniores ficariam nas equipas principais dos clubes, e só os medíocres são envolvidos como moeda de troca e os muito fracos vão para o desemprego. Actualmente temos os melhores a servirem de moeda de troca ou a emigrar para os Chipres e coisas que tal e os medíocres a irem para o desemprego.

Portanto deixemo-nos de falsos moralismos, promovamos uma comissão para o bolso dos directores nacionais com os jovens talentos portugueses, porque isto de ir à Argentina, Uruguai e Brasil já está muito visto.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sodomização à Moutinho

Para falar de como este negócio ocorreu poderia dar como primeiro dado o anti-benfiquismo primário de muitos sportinguistas, que mesmo enquanto sodomizados pelo Porto vociferam impropérios contra benfiquistas. No entanto vou saltar alguns capítulos à frente para falar da acção Carlos Queiroz na transferência de João Moutinho.
Meses antes da transferência era assinado um acordo com o empresário de Moutinho para o deixar sair por x. Por essa altura sai também a convocatória para o Mundial e a ausência de Moutinho é uma das grandes surpresas. A não ida ao Mundial não permite a valorização do jogador e aumenta a saturação deste perante a estagnação profissional. Quando a transferência se dá são abordadas: a ausência de propostas e a vontade do jogador em sair. Como contrapartida o Sporting recebe o 4º central portista, Nuno André Coelho.

Para mim, no entanto, a cereja no topo do bolo da sodomização da dupla Pinto-Queiroz foi depois da transferência, o sr. Prof. vir convocar Nuno André Coelho, para júbilo dos sportinguistas. (E recupero isto apenas e só porque Queiroz assume que foi responsável pela convocatória.) Assim por momentos, todos ficaram contentes com as transferências. Meses mais tarde, eu, benfiquista, não posso deixar de ver esta crise sportinguista e pensar que André Villas Boas e Moutinho poderiam estar em Alvalade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

pobre Bettencourt

Surpreendente, ou não, a posição de Dias Ferreira, mais preocupado em defender José Eduardo Bettencourt do que o Sporting, para o qual não desperdiça palavras de apoio e de confiança no futuro. A partir de certa altura as pessoas não tem de suportar certas coisas, diz ele. Mas que coisas foram essas? Penso que apesar de nunca na história do Sporting se ter assistido a semelhante descalabros, desportivos, financeiros e principalmente de identidade, as vozes criticas foram sempre muito discretas, sem motins, nem manifestacoes para alem dos assobios (relativamente) normais de quem perde mais um jogo em casa. Evidentemente que em alguma comunicação social pontuais vozes discordantes fizeram-se regularmente ouvir, mas não vivemos nós num sistema democrático?
JEB optou varias vezes por um discurso incendiário, ao estilo de guerra fria, mostrando acreditar piamente que existem sportinguistas de primeira - os que o apoiavam - e os de segunda, constituídos por gente fraca e ressabiada, sócios numero 90mil e tal. Nunca se ouviu uma palavra amigável, aglutinadora, de JEB para com essas mesmas vozes, ao passo que os críticos, por exemplo, nunca desconfiaram do seu sportinguismo.

Outro aspecto interessante de salientar encontra-se na blogosfera e relaciona-se também com essa visão unidimensional que JEB tinha acerca do que é ser-se sportinguista. Nos textos críticos e pertinentes dos colegas do A Norte de Alvalade, ou no dos PLF, quando o Bancada Nova dava em canal aberto, existiram sempre comentários de adeptos do Sporting a acusa-los de não serem sportinguistas de verdade pois não estavam a apoiar o actual momento. Para essas pessoas a estabilidade depende quase que exclusivamente da união e da uniformização das opinioes. Não vale aqui a pena explorar esse tópico, mas o que queria fazer sobressair e o silencio concordante e ate de alivio que essas mesmas pessoas agora parecem exercer e parece-me altamente improvável que haja alguém por ai que ache que JEB teve um bom mandato. Na verdade parece-me que tiveram com o Bettencourt a mesma atitude que este teve com Paulo Bento: “ele é o maior, ele é o maior, ele é o maior, ufa que alivio já se foi”.
Só falta esperar um par de meses para se ouvir quem queira beatificar JEB, coitado, tal como hoje se faz com o PB.

domingo, 16 de janeiro de 2011

como destruir um clube de futebol

Ora nem a propósito. O nosso projecto anterior, monos da bola, começou no início do Bettencourismo, por coincidência, ou não, numa altura em que nos apercebemos, tardiamente, alguns dirão, da medíocre e cobarde abordagem da informação desportiva pelos media tradicionais em contraste com a outra, mais informada, mais crítica, menos viciada, feita pelos blogs (depois de se os filtrar muito bem, claro está).
Foi nossa crença que a subida ao poder de uma sinistra personagem como José Eduardo Bettencourt, perpetuador do já falido roquetismo, não teria nunca o extraordinários apoio de 90% dos votantes não fossem as excelentes relações com a comunicação social que aquele ex-vice-presidente parecia desfrutar, tendo-me causado intensa náusea os diferentes tratamentos dados aos candidatos (ver estas referâncias).
Assim se partiu do princípio que Paulo Pereira Cristóvão era pouco sério, um fait-diver, como aqueles maluquinhos que às vezes se candidatam à presidência da República (ou à do Benfica), e que Bettencourt, homem credível da banca, de nome em conformidade com o suposto elitismo verde-e-branco (que na verdade é uma noção saloia impingida pelo roquetismo), era o natural sucessor de uma cambada de sacanas de suposto sangue azul.

Circulam várias ideias conspirativas acerca daquelas que foram as verdadeiras intenções de José Roquette, nomeadamente a de tornar o clube dependente da banca (ou até mesmo de vender o clube à banca). Não serve de muito avaliar intenções aqui (isso deveria ser feito nos tribunais), mas se fizessemos o exercício de imaginar quais seriam as acções a tomar por um Presidente para se deliberadamente prejudicar um clube de futebol, julgo que não incluiríamos tudo aquilo que JEB fez.

Se em diversas altura clamei pela eliminação desse verdadeiro vírus informático de cabeleira branca (ver este texto de 10/9), recorrendo à violência nos protestos (quando tudo o resto parece falhar), hoje encontro-me ainda perplexo com a notícia da sua demissão.
Perplexo porque, se até este momento optei por acreditar que os invariáveis falhanços de JEB se deviam sobretudo à sua estupidez e incapacidade de decidir bem (ou até mesmo de decidir, ponto, tendo em conta as pessoas com que se rodeou para que decidissem por ele), hoje a hipótese de haver premeditação e intencionalidade de lesar o clube dificilmente não se afigura como plausível, ainda para mais se atentarmos que este homem é, ou foi, digno de vencimentos milionários na banca. Sair inesperadamente a meio da época após um desaire desportivo, deixando o clube refém das suas recentes (e estranhas) decisões, revela uma irresponsabilidade e falta de respeito para com o clube incomensuráveis. Apresentasse ele um atestado psiquiátrico na conferência de imprensa e ponderaria perdoar-lhe.

Luis Sobral, o palonço do maisfutebol (mas que por mais limitado que seja ao menos é dos poucos editores que emite as suas opiniões sem aparente censura, embora lhe faça falta um censor gramatical, pelo menos) depois de caoticamente enumerar os erros de Bettencourt afirma que afinal de contas o homem é uma pessoa equilibrada, com valor, e que o futebol deveria saber manter e que ao mesmo tempo está acima de qualquer suspeita.

Bettencourt, caro Sobral, ou é uma coisa ou outra: um tipo fraco ou um tipo sem vergonha. Equilibrado e, ao mesmo tempo, com carácter, não pode ser.

mais uma vez JEB

Demitir-se como consequencia de um desaire, dias após ter contratado mais um director-geral, está na linha "Bettencourt": ilógico, inconsequente e, acima de tudo, irresponsável.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Abel, assina aí

Os defesas laterais, posição ingrata para onde são (ou eram) tradicionalmente enviados os jogadores menos relevantes dos planteis jovens, os que não tem cabedal suficiente para jogarem ao centro, onde supostamente ocorrem as jogadas mais prováveis de resultar em golo, e a quem ao mesmo tempo lhes falta o talento para participarem significativamente na construção do jogo, são a grande maioria das vezes, ainda hoje, menosprezados.
Podemos dizer que poucas posicoes podem ser ocupadas por jogadores que a partida não tem rotina na mesma que não a de defesa lateral. Há exemplos de jogadores de todo o tipo a irem la parar, a meio de um jogo, ou da época. Já la vimos com surpresa o Iordanov, o Deco, o Pacheco. O Paulo Ferreira ganhou destaque nessa posição pois conseguia aí fingir que sabia jogar a bola. O capitão João Pinto - o tosco, não o jogador de futebol - conseguiu fingir uma carreira de gloria nesse lugar.
No Sporting, nos últimos 10-15 anos, sempre houve uma grande incoerência no valor dado a essa posição. Dispensou-se sem pestanejar o Vinicius e Paito quando atingiam uma certa maturidade, libertou-se o Saber a vontade, o Heinz não despertou interesse para exercer direito de compra, César Prates saiu silenciosamente, Pereirinha (estou convicto de que daria um excelente defesa direito) desprezado. Não me vem a cabeça um único defesa lateral que não pudesse ser facilmente transferido sem causar alvoroço em Alvalade. Basta pensar em Rodrigo Tello, que apesar de ter feito excelentes ultimas épocas, as quais os sportinguistas talvez não dêem muito credito, foi deixado inexplicavelmente sem contrato.
A contradição vem depois nas pontuais fortunas gastas para essa posição, em decisões o mais das vezes disparatadas - Balajic, Pedro Silva, Grimmi, Evaldo, João Pereira - como se ciclicamente alguém considerasse que ai residem todos os males da equipa.

Eis que surge então o Abel sem contrato. Tendo o Sporting dois jovens para essa posição, João Pereira e Cedric Soares (e ainda insisto na ideia do Pereirinha), que ira Couceiro decidir em relação a este sportinguista de 31 anos?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vilarinho prometeu

Vieira cumpriu.

A bola é dourada

Mourinho venceu o prémio de melhor treinador do Mundo. Motivo de exaltação patriótica? Não sei, mas num país que tem inscrito o seu nome no Guinness por ter feito o maior pão com chouriço do Mundo ou a maior feijoada, julgo que já deveríamos estar habituados a grandes feitos.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Definição

Sou partidário da falta de coerência, não em tudo na vida, mas nalgumas coisas, nas quais não posso deixar de incluir o tema motor deste blog: o futebol.
Inconstante como só a imprevisibilidade sabe ser, injusto como só a Procuradoria Geral consegue ser,  aqui neste blog-homenagem atrever-nos-emos a desafiar a sua imprevisibilidade e abordá-lo como assunto banal. Algo que no fundo, ele, futebol, sabe que é.

Assim, definido um tema principal já poderemos ser acusados de falta de coerência, quando não a tivermos. Acredito nesse dia que daremos um passo importante para a integração num desporto que tem Costa, Vieira e Bettencourt como protagonistas.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

10+01=11

Dia histórico este em que 3 jogadores do Barcelona disputam o titulo de melhor jogador do mundo e em que o blog-homenagem Roberto Futre, ex-campeão entra em funcionamento.
O inicio dum blog e sempre difícil de escrever: promessas de coerencia que nao se cumprirão,

etc.