domingo, 28 de agosto de 2011

Um momento revelador

Uma fracção de segundo foi o suficiente para eu pela primeira vez cogitar acerca da insuficiência de Domingos no que ao Sporting diz respeito. É o momento imediatamente a seguir ao segundo golo do Marítimo, em que o realizador nos permite ver a reacção do treinador ao mesmo: levanta-se do banco e numa urgência tristonha brada a alguém que traga os jogadores que estavam a aquecer.

Por que me marcou tão negativamente essa imagem de Domingos? Por ter tido a reacção do adepto bruto, ou seja, por me fazer crer que estava a tomar uma decisão emocional, um basta!, como se o erro de João Pereira (erro de amador, esse de fazer um passe de risco para o centro do terreno) pudesse ter alguma coisa a ver com uma mudança táctica ou com o desempenho dos jogadores substituídos. Afinal de contas, o 1-1 ou o 1-2 significam a mesma coisa para o Sporting: a necessidade de fazer um golo o quanto antes.

Acabou assim o Sporting de hoje, livre dos mal-amados Postiga e Djaló, a jogar com dois pontas-de-lança pesados, imóveis, pêrros, perdidos em campo. Os brutos agradecem. A conta bancária do Carlos Freitas muito provavelmente também.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O valor das conquistas nas camadas jovens

A geração de ouro criou uma aura em torno das selecções jovens portuguesas, não só pelas conquistas ao nível da formação como pelos jogadores que sairam desta fornada. Dois mundiais seguidos deram-nos também Vitor Baia, Jorge Costa, Fernando Couto, Abel Xavier, Paulo Sousa, Rui Costa, Figo, João Vieira Pinto, entre outros. Falamos da base da Selecção A durante quase uma decada.
Em 95 voltámos aos lugares de honra, também num Mundial, quando ficámos em terceiro no Qatar. Em campo brilhavam poucos jogadores de que se tenha ouvido falar durante a sua carreira de senior. Os mais conhecidos são Quim, Nuno Gomes e Dani. De resto, Mário Silva e Bruno Caires talvez tenham sido os que atingiram um patamar mais elevado mas sem oferecer nada à selecção A.
Se os campeões de 91 eram já a base da selecção no europeu de 96 (5 anos de amadurecimento), a geração Qatar em 2000 foi representada muito bem por Nuno Gomes, enquanto Quim limitou-se a aproveitar a boleia dos colegas. Daí para a frente não apareceram mais jogadores desta leva.
Falando de outras competições, os últimos a ter sucesso foram os campeões europeus de sub-17 de 2003. Entre estes, Miguel Veloso, João Moutinho, Manuel Fernandes e Paulo Machado são hoje internacionais A. Uma excelente geração de centro-campistas que incluia Márcio Sousa, um talento natural que infelizmente nunca chegou ao nível esperado e hoje veste as cores do Tondela. Mas existem ainda outros como Saleiro que poderão vir a ter internacionalizações.

Este exercicio surge no dia em que a já apelidada "Geração da Coragem", disputa a meias-finais do mundial de sub-20 frente à França. Os vários especialistas que ouvi antes do arranque da competição, um deles importante responsável técnico na federação, foram unânimes em apelidar o talento ali presente de mediocre e "fraquinho". O que vi até agora não me leva propriamente a discordar... Ainda assim, esperemos que dali venham surpresas das boas para o futuro da nossa selecção que, pelo excedente de estrangeiros nas nossas ligas, não se avizinha brilhante.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Falcão que falta

Ainda não percebi se foi deliberado ou se está a ocorrer por força das circunstâncias mas o Benfica dos últimos 3 jogos (leia-se a eliminatória com o Trabzonspor e a Eusébio Cup) parece mostrar sinais de encaminhar-se para um novo modelo de jogo.
A bola continua a ter pressa de chegar na frente mas, a partir daí, parece querer ser trabalhada em passes rápidos e mais curtos, envolvendo 3 ou mais jogadores. Witsel e Aimar são responsáveis por um meio campo mais próximo em que os médios ofensivos e avançados já não são forçados a procurar sozinhos desenvencilhar-se dos adversários e criar situações de desiquilibrio. Há tabelas, há passes diagonais, e mesmo verticais, de rotura. Há movimento na frente e alguma dinâmica na hora de escolher como se irá finalizar a jogada.
O que parece faltar, para além de maior entrosamento, é alguém que surja com regularidade na àrea para finalizar... e em movimento. E este é o momento em que Cardozo se torna desenquadrado do resto da equipa. Sem movimentos largos no momento de construção que permitam ao paraguaio escolher o seu lugar na àrea antes do passe, a principal referência atacante do Benfica nas últimas épocas fica "aos papeis". Saviola tem a dinâmica e sobretudo a inteligência para cumprir este lugar mas faltará a capacidade de aparecer sistematicamente à frente do defesa. Jara fisicamente seria o mais adequado mas falta-lhe rotina de àrea.
O melhor jogador mesmo para fechar este ataque seria... Falcão