sábado, 12 de janeiro de 2013

a corrupção

Mudar tem um preço. Estamos habituados a que, de cada vez que muda um governo, se substituam os boys que estão nos jobs, muitas vezes dispendendo balurdios em indemnizações e aumentando os salários dos novos boys, mesmo quando "não há dinheiro".

Há ainda uma espécie de ilusão infantil em relação aos valores do Sporting Clube de Portugal. Li algures num blog a seguinte divertida miragem:

"O Sporting é um baluarte de valores humanos, sociais e desportivos, no qual milhões de portugueses se revêem e em que depositam a sua crença".

Existe uma fronteira entre aquilo que gostaríamos de acreditar e a realidade. A realidade é que o Sporting é já desde há muito tempo um clube a nadar em corrupção, tal como o Estado português. Muitos dos seus órgãos sociais conseguiram tachos com ordenados totalmente díspares à sua função (e capacidades, já agora) e obscenos tendo em conta a realidade, não só portuguesa, mas sportinguista.

A história de P.P. Cristóvão, cujas empresas criaram de imediato contratos muito proveitosos com o Sporting, foi apenas uma centelha, muito provavelmente até aceite nesta nossa cultura de compadrio.

J.E.Bettencourt, o primeiro presidente a receber ordenado, não se fez rogado e recebia 220mil euros anuais. Destruíu o clube, só fez merda. Quem se interessa pelo facto de que na banca - muito provavelmente a fazer merda, como toda a banca tem feito - receberia ainda mais? Isso é mesmo argumentação para definir o ordenado de um funcionário do Sporting?

Após as eleições, Godinho Lopes assumiu aquilo que qualquer Presidente do Sporting deve sempre assumir: não auferiria ordenado. No entanto, as custas com os principais órgãos sociais quase que duplicaram, graças aos vencimentos de Nobre Guedes e Luis Duque (total de 360mil euros, como é público).

E vejamos também determinadas contas (em milhares de euros) com pessoal antes e depois de Godinho Lopes ter assumido a Presidência:


Acréscimos de gastos                                                 2012       2011

   Férias e Subsídio de férias e Subsídio de natal        575         342
   Indemnizações                                                         4.146      1.527
   Remunerações a Liquidar                                       2.235       1.755

Os gastos com Fornecimentos e Serviços externos aumentou 15.4%. Os custos com pessoal aumentaram 43.2%! (Estes números estão presentes no ultimo relatorio de contas, acessivel no site da CMVM.)

O comum sportinguista já deixou de tentar compreender negócios como o de Pongolle e Elias. Já nem sequer reflecte acerca do facto de se ter vendido um capitão e provavelmente o melhor defesa central por meros 750mil euros.

Mas queria partilhar esta maravilha que se segue, exemplo da  paradoxal condição humana e que até me traz lágrimas aos olhos de tão cativante. Nuno Paiva, membro semi-ilustre da Juve Leo, tem sido voz muitas vezes presente nas Assembleias Gerais. Geralmente muito crítico e inflamado. Um indíviduo que se afirmou como opositor da "corja" que habitava o Sporting. Membro da lista de Paulo Pereira Cristóvão. Hoje em dia, Nuno, depois de uma licenciatura em Humanidades e Tecnologia pela Universidade Lusófona e experiência profissional como vendedor, é Product Manager no Sporting Clube de Portugal. Aufere cerca de 7000 euros/mês. Não conheço outro product manager com o currículo do Nuno Paiva que aufira tanto. Mas o curioso encontra-se aqui - a mudança que ocorreu em Nuno Paiva após o tacho que agarrou está latente nestes dois links (ignorem a qualidade da prosa):



Que mudança! E que falta de visão, já agora.

Outro caso interessante é o da Fundação Sporting, que é uma excelente iniciativa, diga-se de passagem.  A sua natureza é de cariz voluntariado, sem fins lucrativos, pois claro. Mas quem não está ali para fazer voluntariado é o seu director geral, Maurício do Vale, que tem uma remuneração de 7500 euros.

Esta chungaria sanguessuga tem de acabar; o Sporting tem que ser refundado. Dedicação, Esforço, Devoção e Glória são palavras irremediavelmente ocas.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

o dano

Cansado de potencialmente contribuir para a nuvem de mal-estar que paira no Sporting há já alguns bons anos, a malta aqui do Roberto Futre deixou de escrever no blog. O futebol nacional, só com o Benfica e o Porto, tornou-se algo chato.

Estamos pois hoje perante uma situação incompreensível há, digamos, 4 anos atrás. Mas para quem tem acompanhado o percurso do Sporting desde 2009 a única surpresa é só nesta época estar a correr o risco de descer de divisão.

Dificilmente uma empresa se manteria de pé tanto tempo com tamanha delapidação de património e valor desportivo; se exceptuarmos o sistema bancário pré-Lehman Brothers, é tecnicamente impossível cometer tanta gestão danosa numa entidade e ela manter-se de pé. Ao longo da sua história, o Sporting já teve muitos treinadores fracos e alguns francamente maus. Mas isso nunca explicou uma equipa tão devastada, tão sem rumo, tão depleta de confiança e motivação, quanto a actual. O estado actual do Sporting não pode ser justificado apenas por azar e incompetência nas escolhas dos treinadores, pela metodologia de treino, etc. Por mais malfadadas que tenham sido essas opções, é improvável ter-se tido tanto azar nessa sucessão catastrófica de escolhas.

Haverá um defeito estrutural que insiste em não desaparecer e que deve ter uma influência tremenda no comportamento da equipa. Não presumo poder avaliá-lo, mas concerteza que tem de haver uma certa tristeza de balneário quando sucessivamente se maltratam, ou no mínimo menospreza, por exemplo, os capitães de equipa - Moutinho, Carriço, Elias -, se alieneam jogadores sportinguistas - Patrício, Veloso, Postiga - e, ao mesmo tempo que não conseguem pagar ordenados de acordo com valor, mérito e dedicação, se cometem negócios desastrosamente danosos uns atrás dos outros - aqui a lista seria infindável - contribuindo certamente para um sentimento de injustiça. Ninguém trabalha bem assim.

Na sua casmurrice saloia, talvez o Paulo Bento tenha sido o último responsável leonino a proteger a Instituição e sobretudo os seus jogadores. Essa protecção não pode vir dos adeptos, que como já se viu tantas vezes, são tendencialmente imbecis e não percebem nada de futebol. A ausência de quem protegesse o Bento, associada à sua, já o disse, casmurrice, ditou o princípio do fim. Mas na verdade a coisa estaria toda atada por um fio.

Não se vislumbra nos possíveis sucessores a Godinho Lopes a qualidade de unificação que o Sporting, hoje mais que nunca, requer  Talvez a única solução seja mesmo começar de novo.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O que é uma Assembleia Geral?

No texto anterior mostrei desalento em relação a uma situação relatada pelos jornais que depois compreendi ser uma adulteração da verdade. Evidentemente esse desalento não teria existido se me sentisse identificado com a gestão do Sporting. O que é difícil no Sporting é entender quais as suas ideias de gestão, uma vez que existe claramente uma dificuldade de comunicação, que penso que terá mais a ver com a ainda tentativa de imitar o modelo portista (silenciosamente, contra tudo e contra todos, vamos ganhando) ao invés de apostar numa identidade original e fiel aos princípios do Sporting, que tire vantagem de um mundo que a nível de comunicação depende cada vez menos dos media tradicionais.

Mas uma coisa é um bandameco sportinguista ressabiado como eu vir reclamar coisas num blog (irrelevante) outra é o Presidente da Assembleia Geral do Sporting bolsar as suas próprias frustrações (com o mesmo tipo de pudor que eu o faço, ou seja, quase nenhum) para os jornais.

Acredito que haja uma razão de ser para todas as nossas acções. Mas a de Eduardo Barroso desconheço. Não vislumbro qualquer razão do ponto de vista prático para o Presidente da Assembleia Geral vir demonstrar o seu descontentamento nos jornais. Quem geralmente faz dessas coisas são aqueles que, não estando no 'poder', procuram desestabilizá-lo no sentido de (aqui sou optimista) melhorarem a 'situação'. Mas atingindo-se já uma posição de poder (não-executivo, é certo), não entendo por que é que ao invés de tentar melhorar a coisas por esse lado, se volte - de novo - para os media. Se está chateado, frustrado, que saia, diga que gostou muito mas que não tem vida para a coisa, e dê lugar a outro que esteja mais entusiasmado. Os bitaites, repito, não têm efeito prático algum.

Leva-me a suspeitar que Eduardo Barroso tem si mesmo tem uma rara necessidade de atenção mediática. Tomou-lhe o gosto, habituou-se a mandar as postas de pescada do alto da sua posição inimputável (de homem muito digno, médico cirurgião que salva vidas etc ao contrário dos outros demais, vulgos cidadãos), e agora, tendo a invulgar oportunidade de representar formalmente os sportinguistas, decide regressar às postas de pescada, que lhe são ao fim e ao cabo mais naturais, mais de acordo com o seu id.

É uma pena Eduardo Barroso acabar por dar razão aos chatos que diziam que um Presidente da Assembleia Geral deveria ter formação jurídica. É que este senhor não sabe mesmo o que fazer da sua posição.

domingo, 1 de julho de 2012

106 anos - pouco há a celebrar

Em alturas de aniversário chega-nos uma notícia aparentemente tristíssima que a meu ver é muito mais suficiente para criar desejos de eleições antecipadas do que a trapalhice do Cristóvão.

Refiro-me ao despedimento de mais de 30 treinadores da Academia de Alcochete. Se há algo por que os sportinguistas ainda deviam sentir-se orgulhosos é por terem uma formação de jogadores de futebol das mais prestigiadas no mundo, merecedora de crónicos elogios vindos de toda a parte, e explanada nos relvados pisados pela Selecção Nacional (para quem ainda não leu, clique aqui).

Se é  por demais evidente que o aproveitamento (próprio) da mesma tem sido na melhor das hipóteses medíocre, sem por um lado sucesso desportivo por aí além e por outro estando constantemente em eminência de bancarrota, é-o também que, sem a formação, nem faz sentido já haver Sporting.

Diz-se por aí que não é com "imberbes" que se ganham campeonatos, mas desafio eu: e então o campeão da formação e da continuidade do desenvolvimento do produto nacional? Ao fim e ao cabo, um título é apenas um título, pendura-se ao pescoço, enfia-se-o numa prateleira, mas ser-se o motor do futuro do futebol português é sim motivo do maior orgulho.

Dito isto, está já mais que provado que o investimento avultado em futebolistas raramente aumenta signficativamente o rendimento desportivo e invariavelmente aumenta sim drasticamente o deficit. Pense em casos relativamente bem sucedidos, como Elias, e pergunte-se quantos anos de salários de treinadores da formação não pagaria o investimento feito nele.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

a propósito de Carlos Queiroz