Estava ontem a falar com um grande amigo que deu em activista do Sporting e a certa altura tocámos no tema da importância determinante que os media desportivos têm na campanha presidencial de um clube grande.
Ele referiu o exemplo de Paulo Pereira Cristóvão que não teve uma exposição minimamente comparável à de Bettencourt, limitando logo à partida o alcance do seu projecto. Aquilo que lhe fiz ver é que os jornalistas de desporto precisam desesperadamente de manter o seu acesso privilegiado aos clubes para vender o seu produto e para isso têm que se alinhar com os vencedores - não correndo o risco de serem "penalizados" mais tarde.
No caso de PPC, a falta de cobertura da sua campanha tem muito que ver com ninguém a ter levado muito a sério. O sr. não é um homem carismático, os portugueses não têm grande amor nem respeito às forças da autoridade e Bettencourt era o vencedor anunciado. Não creio que a oposição pudesse ter vencido com este candidato mas com uma distribuição mais equitativa de atenção mediática poderia pelo menos ter feito mais mossa no super-sucesso eleitoral do candidato da linha Roquette.
Hoje decidi escrever sobre isto porque mais uma vez vejo uma atenção impressionante dada ao plano de José Eduardo para o Sporting, o qual nem sequer surge associado a uma candidatura!!?! O contraste entre o tratamento que é dado a José Eduardo e Cristóvão é absolutamente fascinante. José Eduardo é um fervoroso sportinguista, tem conhecimento por dentro do futebol e tornou-se um empresário de sucesso, mas não é único com este perfil e aposto convosco que a grande generalidade, se também se auto-recriasse a fazer um plano para o clube, iria ter como plataforma de divulgação as suas reuniões familiares e de amigos. Mas os meios "gostam" de José Eduardo... provavelmente na mesma proporção em que "não gostam" de Cristóvão. E diria que têm motivos para isso. Ainda assim, um era um candidato à presidência do Sporting e o outro... bem... é um adepto conhecido.
Dado o contexto, a oposição pode tomar uma de três atitudes.
1 - Ignorar que existe este processo
2 - Lamentar-se e protestar com os media e outros moinhos de vento
3 - Aprender a funcionar dentro deste jogo
Quanto ao ponto 1, desafia os seus adeptos a aceitarem uma tarefa antes de partirem para esta solução. Pesquisem por "José Eduardo Sporting", "Bettencourt Sporting" e "Cristóvão Sporting" e tirem as vossas ilações.
No que toca ao ponto 2, permitam-me a provocaçãozinha, os sportinguistas podem tomar a mesma atitude que têm com o árbitros e tornar-se os campeões da queixa. Mas a verdade é que ninguém gosta (e muito menos respeita) queixinhas e o veículo que precisarão para ampliar os protestos é precisamente aquilo contra o que querem protestar.
Como se pode perceber, sugiro que optem pela 3ª opção. Escolham um candidato passível de ser levado a sério, utilizem profissionais de comunicação na preparação da estratégia de campanha e concentrem a vossa mensagem em 2/3 pontos. Executar bem estas três tarefas permitirá "quebrarem a crosta" e terem alguma atenção. Depois, o vosso "produto" terá de fazer-se valer face ao adversário.
Um Sporting saudável e forte é fundamental para o futebol e o desporto português, mesmo para pessoas como eu que muitas vezes são seu adversário. Seja quem for que vença as próximas eleições, espero que traga para cima este clube muito especial.
5 comentários:
pois bem, o josé eduardo julgo que pegou nas ideias do taxista que o levou ao local da conferencia.
teve merito de saber chamar a curiosidade dos media desportivos que habituados a locais e discursos mais degradantes, ficaram espantados com a forma e sobrevalizaram o "conteúdo"
tratado comum verdadeiro iluminado
Talvez seja por isso mesmo que o Braz começou por falar em dinheiro em barda!
Atenção mediática já conseguiu...
Vamos ver o que acontece à medida que a corrida for ficando mais séria.
Estou na expectativa de ver aparecer um candidato mais "diferente"
epa bernardo, excelente texto, mesmo.
comentario do bobe e fred: na mouche.
mas quanto ah tua sugestao, bernardo, em relacao a uma terceira opcao, carece do essencial: um candidato devera fazer uso dessas armas que referes, sem duvida, para que seja relevante; porem, o que preocupa o universo sportinguista eh sobretudo a inexistencia de um candidato com ideias solidas, clarividentes, capaz de planificar a curto, medio e a longo prazo o percurso que o Sporting vai tomar. Mestres da comunicacao ha muitos, ate porque em Portugal n eh dificil: basta ser comentador desportivo num canal televisivo durante uns mesitos...
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