domingo, 16 de janeiro de 2011

como destruir um clube de futebol

Ora nem a propósito. O nosso projecto anterior, monos da bola, começou no início do Bettencourismo, por coincidência, ou não, numa altura em que nos apercebemos, tardiamente, alguns dirão, da medíocre e cobarde abordagem da informação desportiva pelos media tradicionais em contraste com a outra, mais informada, mais crítica, menos viciada, feita pelos blogs (depois de se os filtrar muito bem, claro está).
Foi nossa crença que a subida ao poder de uma sinistra personagem como José Eduardo Bettencourt, perpetuador do já falido roquetismo, não teria nunca o extraordinários apoio de 90% dos votantes não fossem as excelentes relações com a comunicação social que aquele ex-vice-presidente parecia desfrutar, tendo-me causado intensa náusea os diferentes tratamentos dados aos candidatos (ver estas referâncias).
Assim se partiu do princípio que Paulo Pereira Cristóvão era pouco sério, um fait-diver, como aqueles maluquinhos que às vezes se candidatam à presidência da República (ou à do Benfica), e que Bettencourt, homem credível da banca, de nome em conformidade com o suposto elitismo verde-e-branco (que na verdade é uma noção saloia impingida pelo roquetismo), era o natural sucessor de uma cambada de sacanas de suposto sangue azul.

Circulam várias ideias conspirativas acerca daquelas que foram as verdadeiras intenções de José Roquette, nomeadamente a de tornar o clube dependente da banca (ou até mesmo de vender o clube à banca). Não serve de muito avaliar intenções aqui (isso deveria ser feito nos tribunais), mas se fizessemos o exercício de imaginar quais seriam as acções a tomar por um Presidente para se deliberadamente prejudicar um clube de futebol, julgo que não incluiríamos tudo aquilo que JEB fez.

Se em diversas altura clamei pela eliminação desse verdadeiro vírus informático de cabeleira branca (ver este texto de 10/9), recorrendo à violência nos protestos (quando tudo o resto parece falhar), hoje encontro-me ainda perplexo com a notícia da sua demissão.
Perplexo porque, se até este momento optei por acreditar que os invariáveis falhanços de JEB se deviam sobretudo à sua estupidez e incapacidade de decidir bem (ou até mesmo de decidir, ponto, tendo em conta as pessoas com que se rodeou para que decidissem por ele), hoje a hipótese de haver premeditação e intencionalidade de lesar o clube dificilmente não se afigura como plausível, ainda para mais se atentarmos que este homem é, ou foi, digno de vencimentos milionários na banca. Sair inesperadamente a meio da época após um desaire desportivo, deixando o clube refém das suas recentes (e estranhas) decisões, revela uma irresponsabilidade e falta de respeito para com o clube incomensuráveis. Apresentasse ele um atestado psiquiátrico na conferência de imprensa e ponderaria perdoar-lhe.

Luis Sobral, o palonço do maisfutebol (mas que por mais limitado que seja ao menos é dos poucos editores que emite as suas opiniões sem aparente censura, embora lhe faça falta um censor gramatical, pelo menos) depois de caoticamente enumerar os erros de Bettencourt afirma que afinal de contas o homem é uma pessoa equilibrada, com valor, e que o futebol deveria saber manter e que ao mesmo tempo está acima de qualquer suspeita.

Bettencourt, caro Sobral, ou é uma coisa ou outra: um tipo fraco ou um tipo sem vergonha. Equilibrado e, ao mesmo tempo, com carácter, não pode ser.

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